terça-feira, 12 de agosto de 2008

NASCER DE NOVO

"No capítulo 3 de São João achamos a história de um homem que não conseguia ser feliz apesar de estar na igreja e ter abundante conhecimento bíblico.
Esse homem cumpria aparentemente todas as normas, esforçava-se para ser um bom membro de igreja, tinha até um cargo de liderança, mas alguma coisa estava errada com ele. Experimentava uma sensação de vazio na alma, faltava em sua vida alguma coisa. O pior de tudo é que ele nem sabia definir o que!

A Palavra de Deus nos faz o seguinte relato: "E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus: porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus". (S. João 3:1- 3)
É possível que Nicodemos costumasse ficar acordado até as altas horas da noite, sem conseguir dormir. Muitas vezes, deitado na cama, talvez se perguntasse:
- Meu Deus, o que está faltando? Devolvo meus dízimos, guardo o sábado, faço trabalho missionário, canto no coral da igreja, mas sinto que alguma coisa está errada dentro de mim; tenho a impressão de que de nada adianta todo o meu esforço. O que está acontecendo comigo?
Foi talvez numa dessas noites que ele se levantou e procurou Jesus. Sabia onde achá-lo. Seu problema não era falta de conhecimento. A tragédia de Nicodemos estava no fato de nunca ter tido um encontro pessoal com Cristo.
Amparado pelas sombras da noite, dirigiu-se ao lugar que Jesus estava. No fundo, ele tinha vergonha de que os outros o vissem procurando ajuda. Afinal, ele era um líder. Os homens supõem que líderes devem ajudar e não serem ajudados.
Você percebe o drama desse homem? Cheio de teoria, cheio de doutrina, cheio de profecias, sozinho, precisando de ajuda, angustiado, porém impedido, por causa do seu "status", de correr aos pés de Cristo dizendo:

- Senhor, estou perdido! Ajuda-me, por favor.
Não foi difícil para Nicodemos achar Jesus. Cristo estava no Monte das Oliveiras. Seus olhares se encontraram. Era o encontro da paz e do desespero; da calma e da angústia; da plenitude e do vazio; da certeza e da incerteza. Os olhos de Cristo olhavam na alma, viam o coração e irradiavam amor, paz e perdão.
Nicodemos tentou abrir o coração, contar suas tristezas, falar de seus fracassos, da confusão toda que o inquietava, mas não conseguiu. Seu orgulho falou mais alto: "...Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus: porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele." (João 3:2)
Jesus fixou os olhos em Nicodemos e viu através deles uma alma angustiada. Não era de profecias que ele estava precisando, não era de teologia, nem de doutrina: "Jesus porém respondeu, e disse-lhe: na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." (João 3:3)
Em outras palavras:
Você precisa se converter. Este é seu problema e enquanto você não experimentar o novo nascimento não adianta estar na Igreja, conhecer a doutrina, nem ter um cargo de liderança. Nada substitui a experiência da conversão.
Aquela declaração foi como uma bofetada no rosto de Nicodemos: "Disse-lhe Nicodemos: como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer"? (João 3:4)

E Cristo, com um ar de tristeza nos olhos disse:
- Pare com isso, Meu filho. Você entendeu perfeitamente o que Eu quis dizer. Estou falando de conversão porque este é o ponto de partida de uma vida feliz. Você vive angustiado e triste porque sua cabeça está cheia de doutrinas, leis, normas e regulamentos. Você se sente frustrado porque sempre tentou fazer as coisas da maneira certa e nunca conseguiu. Hoje, querido filho, quero transformar seu ser completamente, e você, em lugar de aceitar, tenta se esconder atrás do preconceito e da ironia?
A história de Nicodemos fica sem conclusão no capítulo três de João, porque, naquela noite, ele não aceitou o convite de Cristo. Era duro demais reconhecer que ele, Nicodemos, o teólogo, o líder, o bom membro de igreja, não era convertido. Nicodemos retirou-se triste e frustrado como veio.
Você acreditaria se eu dissesse que o problema de Nicodemos é também o nosso? Corremos o risco de pensar que, porque estamos na Igreja, batizados, estamos convertidos. Mas não é sempre assim. Não podemos confundir conversão, com convicção. Ambas as palavras soam parecidas, mas têm significados completamente diferentes. A primeira tem que ver com o coração e a vida, a segunda limita-se apenas ao que vai na cabeça.
Um dia desses, alguém nos dá uma série de estudos bíblicos. Aceitamos as doutrinas da Palavra de Deus e finalmente decidimos nos batizar. Aí ao sair do tanque batismal pensamos: "Agora estou convertido".
Convertido? Talvez não seja assim. Estamos convencidos da doutrina, com certeza, mas estar convencido não significa estar convertido. E aí começa toda a confusão. Passamos pela vida como
Nicodemos, cheios de teoria e de doutrina, muitas vezes, sabendo tudo isso desde a meninice, porque nascemos num lar cristão, mas vivemos com essa permanente sensação de vazio, de impotência e de fracasso. Queremos amar a Deus e não conseguimos.

Vamos tentar entender melhor este assunto da conversão. Para isso temos que relembrar o
Éden. Lá encontraremos Adão e Eva, recém-saídos das mãos do Criador. Eles eram seres perfeitos, tinham sido criados assim, sem propensão para o pecado, com capacidade de obedecer. Eles se deleitavam na obediência. Obedecer para eles era tão fácil como para você é respirar. Não precisavam se esforçar para isso. Tinham uma natureza perfeita.
O problema começou quando eles pecaram, porque nesse instante, eles perderam sua natureza perfeita e adquiriram uma natureza estranha, incapaz de obedecer e que se deleita nas coisas erradas da vida. Chamaremos isso de natureza pecaminosa.
Com essa natureza pecaminosa o homem não consegue mais obedecer. Agora, o que para ele fica simples como respirar são a desobediência e o pecado.
Infelizmente quando nascemos, viemos a este mundo com essa natureza e com ela é impossível obedecer. É isso o que a Bíblia diz: "Pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Nesse caso também vós podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal". (Jeremias 13:23)
"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso: quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9)
Foi isto o que Cristo quis dizer a Nicodemos quando falou: "Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus".
É justamente isso o que Deus está prometendo: "Então espalharei sobre vós, e ficareis purificados: de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e vos darei um coração de carne". (Ezequiel 36:25 e 26)
Pedro disse: "Pelas quais eles nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo". (II Pedro 1:4)
Entendeu meu amigo? Deus está prometendo nos dar uma nova natureza, a natureza de Cristo, que se deleita na obediência. Um novo ser, você compreende? Um ser capaz de amar um ser que queira obedecer, um ser que se deleite em fazer a vontade de Deus. Não é uma promessa maravilhosa? Ninguém vê, porém, o milagre acontece porque a promessa não é humana, é divina.

Fonte::::
Pr. Alejandro Bullón

Nenhum comentário: